domingo, 8 de janeiro de 2012

* 10/09/1995 (São Paulo) – Meu primeiro emprego

Um dia precisarei enumerar quantos empregos eu já tive, mas antes eu vou falar do meu primeiro emprego. Não lembro o dia exato que isto ocorreu, mas eu lembro a minha vontade imensa de trabalhar para receber o meu dinheirinho. Sentia desde jovem esta vontade de ser ‘livre’, de não depender de ninguém financeiramente.
Não considero que a minha infância foi fácil. Tampouco, não a considero ‘difícil’. Isto, só porque tudo é ‘relativo’. Posso dizer que a minha infância não foi cheio de regalias. Morei durante muitos anos em um ‘quase que cortiço’ no bairro da Liberdade. Estudei um período em escola pública onde eu recebi um tapa na cara de uma professora. Quando minha mãe não cortava o meu cabelo eu ficava na fila das escolas de cabelerero lá do centrão (ainda lembro do preço: R$2,00 o corte. Quanto será que custa hoje?). Nunca tive uma boneca Barbie, mas em compensação eu tinha a Moranguinho. Comia apresuntado achando que era presunto e fígado achando que era bife. Minha mãe sabia economizar e sabia me convencer que o barato era “bom” também.
Na época eu ganhava R$20 de mesada (valor de hoje aprox. R$80). Com este dinheiro eu precisava cortar o meu cabelo (que era barato), comprar material escolar (cartolina, caneta colorida, papel de carta), comer algum lanche antes de ir para a reunião em grupo, comprar presente para as minhas amigas e .. é, não sobrava dinheiro para eu comprar uma roupa ‘de marca’. Eu era a única menina que não tinha nada da ‘Pakalolo’. Ainda bem que eu usava uniforme de segunda a sexta, pois para ‘sair’ eu só tinha uma calça jeans e duas camisetas de menina. O restante das minhas roupas era tudo o que o meu irmão mais velho não usava. Não importava o quão boa aluna eu era na escola, não importava quantos 10 fechava no boletim, eu ganhava os mesmos R$20,00.
Assim, a minha vontade de engordar a minha ‘renda mensal’ aumentava cada vez mais. Estava indo para o colégio, eu precisava ter o meu dinheiro! Fui então procurar emprego no meu bairro. Vi uma placa de assistente em um “Box” (tipo do Stand Center). Voltei para a casa e pedi para a minha mãe ir comigo. As memórias falham agora, não lembro se eu falei com somente com a Sonia ou se o Sr. Wang também estava junto. Enfim, consegui o emprego!! Seria vendedora!! Estranho pensar que uma japinha tão tímida como eu era, poderia vender algo, ainda mais eletrônicos sem nota fiscal e garantia .. Rs. Comecei a trabalhar no primeiro final de semana subseqüente! Ganhava R$20 por dia (12 horas). Ganharia então R$160 por mês!! Logo ganhei a confiança dos meus chefes chineses. Virei ‘Caixa’ das lojas (eram dois stands – sapatos e eletrônicos – e um caixa). Não recebi aumento por isto, mas me fiquei feliz pela promoção. Quando chegou dezembro e janeiro eu trabalhei todos os dias (um dia de folga durante a semana). Ganhei meu primeiro salário! Quase R$400. Este eu ainda lembro. Guardei todinho na poupança que eu abri no Sudameris.
=)
Dos 14 aos 18 anos eu não tive finais de semana e quase não tive férias. Eles eram todos para eu trabalhar na lojinha de eletrônicos e calçados do Sr Wang. Hoje, ao olhar para trás parece triste pensar que uma menina ‘perdeu’ parte da adolescência trabalhando nos ‘tempos livres’. No entanto, as minhas lembranças me dizem que foram bons momentos, além do mais, não daria para ser muito diferente do que foi. Hoje, sinto que carrego dentro de mim esta força de vontade imensa e o sonho em acreditar que tudo pode ser diferente. E vai ser! Só depende de mim.